Os investimentos na área de transporte devem se transformar em serviços de infraestrutura para atender as demandas por deslocamentos da população, o que vai proporcionar um dia a dia com mais qualidade para as pessoas. Para isso, é necessário planejamento, integração entre os modais, governança, financiabilidade, monitoramento e engenharia. Essa avaliação foi apresentada pelos especialistas do 9º Fórum de Infraestrutura Grandes Construções, promovido Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), no dia 24 de agosto, e que teve como tema central “Modais de Transporte: Novos Caminhos”.
O presidente da Associação Brasileira dos Sindicatos e Associações de Classe de Infraestrutura (Brasinfra), José Alberto Pereira Ribeiro, ressaltou o entrosamento entre todos os modais de transporte e das regulações, que se modernizaram ao longo do tempo, salientando o papel da Brasinfra ao reunir os players desses segmentos. Ele comentou sobre como a inovação é empolgante porque ajuda a ganhar tempo e a reduzir custos e preços. “Podemos aliar essa integração entre setores, com inovação e experiências passadas”, pontuou. Fez ainda uma avaliação sobre o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que na área de transporte eficiente sustentável terá recursos de R$ 349 bilhões, em relação aos dois programas anteriores. “Temos uma realidade diferente, com novos parâmetros e regulamentações, além da intermodalidade que é relevante atualmente. Mas, podemos usar a modelagem que foi bem-sucedida à época e deletar o que não funcionou”, disse.
Governança
Outro ponto de destaque foi em relação à governança, um fator fundamental para uma boa administração do transporte público. Nesse sentido, o presidente da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor), Danniel Zveiter, salientou que a governança começa desde a contratação. “Quando se contrata bem, há a sinalização de uma boa administração de contrato; que é importante para se ter um aprimoramento constante e para evitar situações de desequilíbrios econômico-financeiros”, ponderou. Afirmou ainda que outro foco da governança está na execução das obras, além de a necessidade de se ter um olhar a financiabilidade dos projetos de infraestrutura. Em sua apresentação, tratou do cenário do modal rodoviário e sobre uma proposta da entidade para um novo modelo de concessões para operação de manutenção em rodovias.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, concordou com Zveiter sobre a financiabilidade dos projetos, pois o setor de infraestrutura tem períodos com maior número de projetos e outros momentos com menor movimentação de obras. Mas, lembrou que existem diversos mecanismos de financiamentos públicos e privados. “A previsibilidade também é importante nos contextos de planejamento, execução e investimentos. Além disso, precisamos cobrar do governo para que o que foi prometido seja cumprido e, ao mesmo tempo, chamar a atenção da iniciativa privada para as oportunidades do setor”, frisou. Abate traçou ainda um cenário do setor ferroviário brasileiro e ressaltou a força das associações setoriais para ajudar o desenvolvimento da infraestrutura.
Na avaliação de Adalberto Febeliano, vice-presidente de Operações Aéreas da Modern Logistics, a governança é fundamental para uma boa administração do transporte público. “É preciso pensar no desenvolvimento global da infraestrutura de transportes no país, o que significa o governo federal sentar com o poder estadual para definir as prioridades e trazer soluções e resultados”, afirmou.
Infraestrutura no Brasil
Traçando um panorama da infraestrutura no país, o pesquisador da Fundação Getulio Vargas, Rafael Martins de Souza, salientou que quando as pessoas pensam em transporte, elas querem sair de um lugar e chegar em outro com as melhores condições, conforto, segurança e um preço adequado. Daí a importância de se preocupar com os resultados dos investimentos. Esses recursos também vão trazer demandas a curto prazo em novos serviços, enquanto os efeitos de longo prazo são a potencialização de outras atividades econômicas e o aumento de produtividade dos trabalhadores pela melhor qualidade de vida.
O Fórum de Infraestrutura Grandes Construções ainda tratou de mão de obra e da capacitação de profissionais no setor, do uso de hidrogênio verde e os biocombustíveis, de compliance e agenda ESG. Mediado por Vagner Barbosa, teve a saudação do engenheiro Afonso Mamede, presidente da Sobratema, seguida pela mensagem de Rolf Pickert, presidente da Messe Muenchen do Brasil, e contou com o patrocínio da VRental.
Fonte: Sobratema