A retomada do financiamento às exportações para obras de construtoras brasileiras no exterior será um dos temas a serem debatidos pelo setor no Rio Construção Summit, evento que será realizado de 19 a 21 de setembro, no Rio de Janeiro. O programa do evento pode ser visto neste link.
O evento pretende reunir os principais nomes do setor e autoridades para tratar de temas referentes à retomada da construção civil no país, que, segundo o presidente do Sinicon (Sindicato Nacional da Indústria da Construção), Cláudio Medeiros, vem impactada desde a crise de 2015.
“Estamos passando por um período de atraso grande para o setor. O país precisa de infraestrutura para escoar sua produção e agregar valor aos seus produtos”, afirmou Medeiros.
Para o presidente da associação que reúne grandes construtoras do país, o setor também precisa se inserir no que o governo está chamando de processo de neoindustrialização e para isso será essencial que se retome o modelo de financiamento às exportações para o setor.
O financiamento às exportações é um modelo usado no mundo todo, onde empresas nacionais obtêm empréstimos para fornecer, em contratos com países estrangeiros, produtos que são fabricados no Brasil.
O modelo, segundo Cláudio, foi politicamente demonizado no período da Lava Jato, mas precisa ser retomado, já que os produtos comprados no Brasil para a realização de obras no exterior podem ajudar no processo de retomada da indústria.
De acordo com números do sindicato, no período em que funcionou, o modelo financiou compras em mais de 50 mil empresas no Brasil, gerando 1,2 milhão de empregos.
Além disso, segundo ele, as construtoras nacionais chegaram a ter contratos da ordem de US$ 300 bilhões no exterior, mas apenas US$ 10 bilhões eram financiados nesse modelo. O restante, era por outras linhas, o que para ele mostra que o crédito é apenas uma parte desse negócio que as empresas nacionais perderam ao longo do tempo.
Mesas
Haverá duas mesas para a discussão do tema. Uma sobre “Crédito à Exportação de Bens e Serviços de Engenharia”, onde estarão Evaristo Pinheiro, diretor da Barral Parente Pinheiro Advogados; José Luis Pinho Leite Gordon, diretor da Superintendência de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES; e Marcela Carvalho, da Câmara de Comércio Exterior.
Já na mesa “Diálogo Público + Privado: como a Construção Civil Pode Apoiar a Neoindustrialização do Brasil?”, estão convidados o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; o presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos,
José Velloso; o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção, Rodrigo Navarro; além de Cláudio Medeiros.
Financiamento
Medeiros conta ainda que outro tema relevante para o setor é a criação de um mecanismo para financiar a retomada das obras no país. De acordo com ele, o projeto está entre as medidas que foram elencadas no Novo PAC como necessárias para o desenvolvimento do programa.
Segundo ele, os muitos anos seguidos com baixos investimentos em construção e o atual nível de juros, entre outros fatores, fazem com que os custos para financiar o início de uma obra pública sejam muito elevados. Como o governo não pode, por determinação legal, fazer adiantamentos nos contratos, as companhias têm dificuldades para se financiar nesse período. A ideia levada ao governo é que os bancos possam ter uma espécie de seguro para financiar essas obras.