Infraestrutura brasileira precisa de um novo modelo de financiamento às exportações

O Brasil passa hoje por um período de atraso grande e o país precisa de infraestrutura para escoar sua produção e agregar valor aos seus produtos. A afirmação é de Cláudio Medeiros, presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção – Sinicon.

A entidade é uma das organizadoras do Rio Construção Summit, evento reuniu os principais nomes do setor e autoridades para tratar de temas referentes à retomada do setor da construção no país.

Segundo Medeiros, o setor da Construção, em crise desde 2015, e o país precisa de infraestrutura para escoar sua produção e agregar valor aos seus produtos

Para o presidente do Sindicato que reúne grandes construtoras do país, o setor também precisa se inserir no que o governo está chamando de processo de “neoindustrialização” e para isso será essencial que se retome o modelo de financiamento às exportações para o setor.

O financiamento às exportações é um modelo usado no mundo todo, onde empresas nacionais obtêm empréstimos para fornecer, em contratos com países estrangeiros, produtos que são fabricados no Brasil.

O modelo, segundo Cláudio, foi politicamente demonizado no período da Lava Jato, mas precisa ser retomado, já que os produtos comprados no Brasil para a realização de obras no exterior podem ajudar no processo de retomada da indústria.

De acordo com números do SINICON, no período em que funcionou, o modelo financiou compras em mais de 50 mil empresas no Brasil, gerando 1,2 milhão de empregos.

Segundo Cláudio Medeiros, as construtoras nacionais chegaram a ter contratos da ordem de US$ 300 bilhões no exterior, mas apenas US$ 10 bilhões eram financiados nesse modelo. O restante, era por outras linhas, o que para ele mostra que o crédito é apenas uma parte desse negócio que as empresas nacionais perderam ao longo do tempo.

Custos Elevados

Segundo ele, os muitos anos seguidos com baixos investimentos em construção e o atual nível de juros, entre outros fatores, fazem com que os custos para financiar o início de uma obra pública sejam muito elevados. Como o governo não pode, por determinação legal, fazer adiantamentos nos contratos, as companhias têm dificuldades para se financiar nesse período. A ideia levada ao governo é que os bancos possam ter uma espécie de seguro para financiar essas obras.

Medeiros conta ainda que outro tema relevante para o setor é a criação de um mecanismo para financiar a retomada das obras no país. De acordo com ele, o projeto está entre as medidas que foram elencadas no Novo PAC como necessárias para o desenvolvimento do programa.

Rio Construção Summit

O Rio Construção Summit 2023 foi promovido pelo Sinduscon-Rio, em colaboração com a Firjan. O evento contou com parceiros estratégicos como o SINICON, a Federação Interamericana da Indústria da Construção (FIIC), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e CBIC, além do apoio do governo do estado do Rio e da prefeitura da capital.

O evento, realizado de forma imersiva, promoveu conteúdo, inovação e networking, e foi considerado uma plataforma de discussões e aprendizado, abrangendo toda a cadeia produtiva do setor da construção.

A edição se destacou como um marco decisivo, trazendo para o Rio de Janeiro um fórum de discussões que redefine os paradigmas da cadeia produtiva da construção.

Na abertura do evento foi divulgado estudo elaborado pela da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) indicando que a indústria da construção movimentará R$ 796,4 bilhões na economia brasileira até 2026.

Para Carlos Laurito, Diretor Administrativo e Financeiro da BRASINFRA, o evento foi muito bem organizado e exitoso na medida que promoveu amplos debates sobre temas de suma importância tanto para a chamada construção civil (predial) com destaque para as políticas habitacionais como o Programa Minha Casa, Minha Vida, bem como as discussões sobre a chamada construção pesada – infraestrutura com a participação de representantes do setor público (governador, prefeitos, ministros de CGU, deputados estaduais e federal, vereadores, secretários de estado, bancos oficiais) e privado (presidentes de entidades e empresários) nas questões fundamentais e atuais como a Nova Lei de Licitações, Seguro Garantia, Mobilidade Ativa nas Cidades, Soluções em Infraestrutura Sustentáveis, Fomento ao Desenvolvimento da Infraestrutura, entre vários outros temas de igual relevância. O evento contou com a presenças de mais de 8.000 pessoas nos três dias de realização em um amplo espaço na região portuária do Rio de Janeiro, com mais de 200 palestrantes, debatedores e moderadores atuando em salas simultâneas. Reiteradas vezes foi destacada a indiscutível importância do setor da construção na geração de emprego, renda e para o efetivo crescimento do país, reforçada com o recente anúncio dos vultuosos investimentos do novo PAC, tendo sido reconhecido o papel da infraestrutura para escoamento do agronegócio brasileiro, que mereceu até a comparação de que se da porteira para dentro faz a agricultura ser pop, da porteira para fora a infraestrutura é top.

Cláudio Medeiros: “é preciso retomar o modelo de financiamento às exportações para o setor”.
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